1 de mai. de 2011

A crise na saúde suplementar




Nos últimos tempos são inúmeras as notícias envolvendo a saúde suplementar privada, reclamações de usuários, médicos, redes credenciadas e operadoras. Alguns põem a culpa nas operadoras, outros nas redes ou ainda no governo. Mas, até o momento, não há nenhuma solução apresentada que possa favorecer a todas as partes envolvidas. Enquanto isso, os beneficiários e os médicos são os principais lesados em meio a este conflito.

Essa realidade está fazendo surgir um movimento voluntário de descredenciamento de médicos nas operadoras de planos de saúde, fazendo-os migrar para o atendimento particular, motivado pelo valor muito baixo repassado pelas operadoras aos médicos, relativos às consultas e aos tratamentos. Se esse fato persistir, o acesso aos serviços de saúde de qualidade se tornará algo ainda mais restrito para a maioria da população, ou seja, apenas para aqueles que possuem condições financeiras de arcar com uma consulta no valor médio de R$ 200.

O que fazer então? Antes de compreender a crise que está ocorrendo com a saúde suplementar privada, é preciso fazer uma análise do sistema de saúde público, o SUS. Segundo a última pesquisa do IBGE, realizada em 2010, a população total do Brasil é 190.732.694, deste valor apenas 45.570.031 (dado da ANS 2010) pessoas possuem planos de saúde. Portanto, o SUS precisa fornecer assistência médica satisfatória a 145.162.663 pessoas.

A parte da população brasileira que precisa de assistência pública sofre com o descaso no atendimento e tratamento. Enquanto o governo não investir e criar formas de atender toda população brasileira, oferecendo serviço de saúde com dignidade e qualidade, o problema só irá persistir.

Se o Brasil fizesse uma análise do sistema público de saúde da Inglaterra poderia aprender bastante. A NHS (Nacional Health Service) é considerada a maior estrutura de saúde pública no mundo, pois oferece atendimentos e tratamentos de qualidade a população. Os planos de saúde são caros como no Brasil, mas por confiar no sistema públicos, as pessoas recorrem sempre ao NHS. Algo que poderia acontecer por aqui, se não houvesse conflitos de interesses.

Em toda troca de governo temos a esperança de que essa realidade irá mudar, mas até agora, os avanços são muito tímidos. Portanto, antes de se posicionar contra a saúde suplementar privada em nosso país, lembrar que ela é apenas um reflexo de inúmeros fatores que precisam ser revistos, principalmente do SUS que não consegue suprir as necessidades de saúde da população que é um direito constitucional e coloca o ônus nas operadoras de saúde através das inúmeras solicitações que saem do “saco da maldade” da Agência Nacional da Saúde.

Autor: Henrique Oti Shinomata

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